Autor de uma obra intransigente que conserva o mistério da pintura, mais intelectual do que sentimental, em que os valores existenciais se introduzem pela via da meditação especulativa e não da emotividade, Domingos Pinho desenvolveu, entre 1970 e 1983, um trabalho de grande coerência e profundidade que este livro analisa. Depois de o situar nessa década, o texto aborda as questões que interessaram o pintor – a construção das imagens, os seus códigos e convenções, as suas condições de mediação e de divulgação e a presença do realismo, tema, acima de todos, problematizado e investigado por esta obra. Legitimado pela longa tradição da pintura ocidental, Domingos Pinho ocupa o centro de um vasto legado cultural e instaura uma prática da memória, alimento permanente e desafio incessante que perdura nos seus referentes e nas suas fontes como renovada instigação ao debate. Disso são testemunho, os 20 comentários descomprometidos sobre 20 pinturas comprometidas, reproduzidas no final do volume.
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