António Sardinha, figura de proa do Integralismo Lusitano, morre cerca de um ano antes do 28 de Maio de 1926, deixando incompleta uma polémica obra de pensamento político, assim como uma obra poética que merece ser revisitada.Entre Maio de 1910 e Agosto de 1912, Sardinha escreveria quotidianamente a Ana Júlia Nunes da Silva, sua futura mulher. Cartas de amor redigidas por um jovem e fogoso poeta, mas cartas que constituem também um testemunho vivo do Portugal da proclamação da República, das primeiras incursões monárquicas, das greves operárias ou ainda das primeiras desavenças entre republicanos. Nestas confidências o escritor, então republicano convicto, desabafa, diz as suas esperanças, os seus ódios, descreve as suas paixões literárias e artísticas, revelando igualmente as próprias razões da sua futura viragem política e religiosa no sentido da monarquia e do catolicismo.Fontes para a História das Ideias e dos Intelectuais no Portugal do princípio do século XX, estas cartas, magnificamente escritas, são o retrato fiel de uma época e, em simultâneo, o auto-retrato de um inesperado, e não menos cativante, António Sardinha.
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