Na ordem jurídica europeia os direitos fundamentais gozam de uma tutela multinível. Esta encerra uma tensão latente entre Tribunais Constitucionais e o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. O diálogo entre ambos foi desenvolvido à luz do conceito de margem nacional de apreciação, que tem tido uma aplicação iminentemente casuística. Esta obra propõe critérios para densificar este conceito, aplicando-o no âmbito da soberania do Estado em matéria penal.
«[Este] livro não só não contesta como, bem pelo contrário, reconhece o papel fundamental que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e a ordem jurídica do Conselho da Europa – e, em particular, a Convenção Europeia dos Direitos Humanos – assumem na proteção dos direitos fundamentais no espaço europeu.
O Autor tem consciência de que, na atual encruzilhada transnacional, os conflitos entre tribunais superiores das diferentes ordens jurídicas só se podem resolver através de mecanismos de diálogo judicial. E, para o efeito, numa construção original, esboça uma teoria da margem de apreciação, assente não numa fórmula vazia, mas num conjunto de pressupostos e de critérios gerais e abstratos que se mostrem capazes de, simultaneamente, assegurar a proteção dos direitos fundamentais ao nível europeu, por um lado, e preservar a soberania e a identidade nacional de cada Estado, por outro. O livro ensaia, assim, um interessante modelo de vasos comunicantes entre iguais. Vale a pena lê-lo.»
Rui Medeiros, in Prefácio
Deixe um comentário