O segundo número da Revista Portuguesa de Investigação Educacional, que agora se publica, relativo ao ano de 2003, surge com algumas alterações editoriais resultantes da mudança de direcção e orientação do Instituto de
Educação. A revista mantém o seu perfil de espaço aberto e plural, passa a ser publicada anualmente, pelo menos numa fase transitória, e dá prioridade à divulgação de estudos empíricos e de textos de reflexão sobre a realidade da educação e da formação. O Instituto de Educação da Universidade Católica Portuguesa, instituição
que privilegia a formação pós-graduada, adapta uma matriz epistemológica na base da qual se estruturam paradigmas educativos ancorados sempre numa concepção do ser humano como um ser em construção, em liberdade e em autonomia, inserido em comunidades de pertença, um ser que procura construir um projecto para a vida e executá-lo, numa sociedade em transição cultural acelerada, um ser profundamente religioso e ocupado com as questões ontológicas e do sentido da vida. A pessoa, cada pessoa e a sua plena realização, está, para nós, no centro de qualquer concepção e programa de educação. Não nos mobilizam quaisquer paradigmas colectivistas e deterministas sobre o ser humano e sobre a sua educação. O estudo das escolas e dos sistemas educativos vai, por isso, sustentar-se nesta visão, pois estes são uma consequência que urge interrogar, uma construção social a questionar e não dados adquiridos para confirmar ou para tomar como pontos de partida. Por outro lado, interessa-nos, no âmbito da educação, dar a prioridade ao estudo dos problemas que afectam real e quotidianamente os portugueses, as famílias, as escolas, a sociedade. É nosso propósito estudar os problemas para ajudar a caminhar em direcção a novos rumos e eventualmente a novas soluções, dentro de uma concepção aberta e plural como é a que adaptamos. Este número apresenta resultados de quatro processos de investigação sobre: (i) as problemáticas do rendimento escolar nas escolas secundárias e nas escolas profissionais, (ii) as atitudes dos professores face à avaliação, em alguns países da América Latina (iii) as explicações aos alunos do 12º ano e (iv) a percepção, por parte dos alunos, dos objectivos, dos conteúdos, das estratégias e procedimentos de avaliação adaptados pelos professores. Além disso, apresenta dois textos de reflexão: um de Roberto Carneiro, intitulado Do sentido e da aprendizagem: a descoberta do tesouro, e outro de Maria de Sousa Pereira Coutinho, intitulado Uma epistemologia alternativa para o campo educativo. Pensamos cumprir, deste modo, o objectivo de divulgação quer da investigação educacional que se faz em Portugal e pelo mundo, quer da reflexão mais recente e inovadora que sobre a educação se vai produzindo entre nós. Estamos, pois, abertos à colaboração da comunidade científica nos domínios da educação e da formação, dentro dos parâmetros do estatuto editorial.
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