Alexandra Ribeiro | Ana Mineiro | Eugénio Fonseca | Filipe Almeida | Jerónimo dos Santos Trigo | José Manuel Pereira de Almeida | Mara de Sousa Freitas | Marta Brites | Michel Renaud | Pedro Garcia Marques | Raquel Silva
O número três da Revista Portuguesa de Investigação Educacional, relativo ao ano de 2004, oferece-nos um conjunto diversificado de abordagens do campo da educação. Por um lado, revela-nos resultados de trabalhos de investigação empreendidos por professores e investigadores do IEDU e, por outro, dá-nos a conhecer resultados de pesquisas empreendidas em várias universidades portuguesas.Um texto de António Manuel Fonseca (Porto) aborda as bases psicológicas e desenvolvimentais da educação para a cidadania em contexto escolar. Nele se desenvolvem as dimensões que esta formação para a cidadania pode adquirir e avançam-se algumas metodologias adequadas à sua concretização. Por fim, defende-se que a educação para a cidadania deve contemplar um largo lastro de variáveis, muito para além das meras dimensões cognitivas, que abarcam necessariamente as motivações pessoais e os afectos. Um segundo texto de Paulo Moreira, Lorena Crusellas e Isabel Sá (Porto), sobre a alfabetização emocional, apresenta os resultados de uma investigação que avalia a eficácia de um projecto que visa dotar os professores de 1 ° ciclo do ensino básico de instrumentos de promoção do desenvolvimento dos alunos em variáveis sócio-afectivas, alertando para a sua importância no contexto da educação escolar. O artigo foca ainda as dificuldades encontradas até hoje, nas diversas reformas curriculares, em implementar quer as áreas de formação pessoal e social e educação cívica quer uma adequada formação de professores. Um terceiro texto, de Anabela Neves, Ana Paula Jordão e Luís Santos (Lisboa), dá conta dos primeiros resultados de uma investigação em curso no IEDU sobre a investigação publicada sobre o ensino secundário português entre 1971 e 2003. Estes primeiros resultados dizem respeito à temática da avaliação das prendizagens, tendo sido realizada uma análise de conteúdo de quarenta e seis estudos publicados, incidindo sobre a população-alvo, as instituições, a metodologia, os instrumentos, a forma e data de publicação, os resultados e as recomendações. Passando aos artigos de outros investigadores que aceitaram colaborar com a nossa revista, o que muito agradecemos, iniciamos com um texto de José Verdasca (Évora) que apresenta a discute os resultados de um estudo realizada em dois municípios do Alentejo sobre a evolução do grau de desempenho escolar no 3º ciclo do ensino básico, no período entre 1995 e 1999. Sublinhe-se que os resultados falam, entre outros aspectos, de um sobredesempenho feminino face ao masculino e de uma certa tendência para vincar a tipologia da escola, tendendo as escolas a agruparem-se separadamente em escolas básicas e escolas secundárias. Ana Maria Correia e Jorge Adelino Costa (Aveiro), apresentam um estudo sobre o conceito de cultura organizacional escolar e abordam as dificuldades que têm surgido na operacionalização deste mesmo conceito. O texto apresenta algumas ideias que poderão contribuir para facilitar a aplicação da metáfora cultural a contextos organizacionais escolares. António Fragoso (Faro) apresenta um estudo de caso sobre os processos educativos para o desenvolvimento local. A criação de uma associação local, numa pequena aldeia do litoral algarvio, é a realidade descrita e analisada, na óptica da participação social e do desenvolvimento local, em que o autor procura desvendar o valor educativo (não-formal) destes processos de desenvolvimento nos cidadãos, nas comunidades locais. Finalmente, a colaboração estrangeira é protagonizada por Miguel Ángel Santos Guerra (Málaga), um amigo de Portugal, que nos apresenta um texto de reflexão sobre a metaavaliação de escolas, num momento em que muito se fala e escreve sobre avaliação de escolas. Enquanto se acumulam resultados de avaliação de escolas, ainda que dispersos, o autor considera que é oportuno reflectir sobre o que sucede com as avaliações que se fazem, a quem servem, o que servem, que valores estão em jogo e o que se aprende. Esperamos que este número seja mais um pequeno contributo para a melhoria da investigação que se faz sobre educação e, finalmente, para a melhoria da própria educação.
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