Depois de «Como uma dádiva» (UCE, 2.ª ed., 2005), vem agora à luz, como num díptico, «Uma palavra é melhor do que um presente». O título sai do Livro do Eclesiástico ou Ben Sira 18,16, e guarda nove ensaios bíblicos que atravessam os dois Testamentos, e pretendem ser um convite à escuta qualificada da Palavra de Deus, dita e saboreada. Abre a Colectânea o sabor dos Salmos (1), música intensa, chama acesa, pão quente a sair do forno, condimentado logo com um exercício de lectio divina ou leitura orante (2), vida exposta à alta tensão de Deus, a que se segue a iluminação da Graça (3), jeito materno de olhar e de embalar. A estação seguinte traz-nos a lição da Sabedoria (4), Sabedoria do amor, e não amor da Sabedoria, logo exemplificada na envolvente pedagogia de Jesus com a Mulher da Samaria e os seus discípulos (5) e no seu mistério pascal (6), denso amor que desce ao nosso chão e não nos deixa indiferentes. Segue-se a crítica que a Palavra faz do ídolo sedutor e mentiroso (7), que desenha à nossa volta um círculo fechado, transformando-nos ardilosa e simultaneamente em donos e escravos de nós mesmos, cobra que a nós se apega, em nós se enrola, nos suga e nos subjuga, sem que nós sequer demos por isso. Vem depois, logicamente, o Caminho da cura verdadeira (8), das peias para a plena luz da liberdade, muito para além do que possamos esperar, trabalho intenso e ingente do amor, chave que faz passar da morte para a vida. O último quadro é dedicado a S. Paulo (9), e aos desafios que este grande evangelizador nos pode lançar neste ano que a Igreja lhe dedica.
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