Américo Pinheira Pereira | Ana e Rodrigo Rhodes | António Martins | Aristide Fumagalli | Carlos Costa | Fabrizia Raguso | Inês Espada Vieira | Jerónimo dos Santos Trigo | João Barbosa de Melo | João Manuel Duque | Jorge Cotovio | Jorge Cunha | Jorge Ortiga | Juan Ambrosio | Luís Manuel Pereira da Silva | Luís Marinho | Maria Manuel Vieira | Miguel Vale de Almeida | Paulo Renato Costa Pinto | Pedro Maria Godinho Vaz Patto | Sandra Ribeiro | Susana Sá
Com a passagem da primeira para a segunda metade do século XIX, Portugal conhece finalmente um processo de evolução que o faz transitar do pensamento antigo para o pensamento moderno. Entrando embora em consideração com o processo de mudança que se verificou no domínio político, social e cultural, A filosofia da religião em Portugal (1850-1910) ocupa-se essencialmente da evolução e mudança que se operou a nível da conceção de Deus e da religião. Centrando-se na conceção das principais figuras do pensamento filosófico português (Amo rim Viana, Cunha Seixas, Teófilo Braga, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Sampaio Bruno, Basílio Teles ... ), este estudo demonstra que com estes autores, cujos móbiles não são a irreligiosidade, o agnosticismo ou o ateísmo, mas sim a sua identificação com os valores da razão, da consciência, da tolerância e do progresso, Deus e o religioso passam a ser concebidos segundo os pressupostos e os parâmetros duma religião de natureza mística, assente na razão e no mistério. Contando na génese com o particular contributo de Amorim Viana, tal conceção místico-racional de Deus e da religião culmina com duas versões especiais, ambas alternativas e substitutivas das formas de religião que se reclamam da revelação positiva e do carácter institucional, incluído naturalmente o cristianismo católico: uma, a de Sampaio (Bruno), que consiste na afirmação do misticismo gnóstico da cabala judaica, mormente a nível da versão moderna desta; outra, a de Basílio Teles, que consiste na afirmação dum misticismo imanentizado e panteísta do Divino, de matriz greco-pagã.
Índice geral
Introdução
Capítulo I
A religião como “catolicismo ilustrado”: a religião nos limites da razão
Amorim Viana e a Defesa do Racionalismo ou a Análise da Fé
Religião cristã sem milagres e sem dogmas
“Milagre”: uma impossibilidade à luz da ciência
“Dogma da divindade de Jesus”: um produto da “gnose”
“Dogmas” da religião cristã: verdades contrárias à razão filosófica
Perspetivas, fundamentos e referências da religião
A “Razão” ou o “racionalismo” como via de afirmação da religião
A “Fé” como “convicção racional”: a religião como “religião da Razão”
As “ideias inatas” como fundamento da “religião da Razão”: uma religião de base “revelada” ou “inspirada”
A “religião da Razão” como “religião da Razão moral”
A religião cristã como “catolicismo ilustrado”
Capítulo II
A religião como misticismo pantiteísta: um filosofismo de sabor gnóstico-cristão
Cunha Seixas e os Principios Geraes de Philosophia
O cristianismo como “facto meramente histórico”
A impossibilidade do “milagre” na natureza: os “milagres” de Jesus como “simbolos”
Jesus: um homem superior
Da “Trindade” ao misticismo “pantiteísta”: um Deus impessoal
A origem do cosmos a partir de Deus “sem mais adminículo algum”: a rejeição da “creatio ex nihilo” filosofia da religião
O cristianismo como “facto meramente historico”: o carácter “sobrenatural” em questão
Perspetivas, fundamentos e referências da religião
A “Filosofia” como “alta ciência” ou “ciência superior”: um misticismo “pantiteísta”
O “pantiteísmo” como “reorganisação” do “espiritualismo”
As leis do “ser”, da “manifestação” e da “harmonia”: a metafísica do “pantiteísmo”
“Pantiteísmo” versus “panenteísmo”: uma relação de afinidade na diferença
“Pantiteísmo” versus “panteísmo”: dois sistemas filosóficos em divergência
A religião como misticismo pantiteísta
Capítulo III
A religião como fenómeno histórico-social:
um sincretismo de mitos, de crenças e de doutrinas antigas
Teófi lo Braga: Traços Geraes de Philosophia Positiva e Origens Poéticas do Cristianismo
O pensamento antigo em questão: o imperativo duma nova síntese universal
Ensino e educação com base na “escolastica”: a urgência do abandono
A “Philosophia positiva” como resposta à “consciencia moderna”
Perspetivas, fundamentos e referências da religião
Objeto da “Philosophia positiva”: a abertura à “metaphysica” e à “theologia”
Necessidade de comprovação da “lei dos tres estados”: a nível “psychologico”, “biologico” e “logico”
Necessidade de “comprovação” da “classificação dos conhecimentos humanos”: uma “synthese objectiva dynamica”
Necessidade de “comprovação” da “constituição da Sociologia”: a “Sociologia” fundada na “biologia” filosofia da religião
A religião como fenómeno histórico-sincrético: o contributo da “Ciência das Religiões”
O “cristianismo” como “sincretismo” de mitos, de crenças e de doutrinas antigas
A “origem primordial” como génese da religião
A religião como sincretismo de mitos, crenças e doutrinas antigas
Capítulo IV
A religião como misticismo da razão e do transcendentalismo: fusão do humano e do divino
Antero de Quental: Causas da Decadência dos Povos Peninsulares e Tendências Gerais
O concílio de Trento e o pensamento moderno em confronto: o rompimento com o catolicismo
Do “papel glorioso e preponderante” dos povos peninsulares à situação de uma “improscratinável decadência”
A “causa culminante” da “decadência” dos povos peninsulares: a transformação do “cristianismo” em “catolicismo”
Da “decadência” dos povos peninsulares à rutura com o “catolicismo”: um misticismo cristão, racional e social
Perspetivas, fundamentos e referências da religião
A “Filosofia” como filosofia da natureza ou “metafísica positiva”
A filosofia da natureza ou “metafísica positiva” como “materialismo idealista”: uma filosofia da identidade
Da filosofia da identidade à “aliança do kantismo com o espiritualismo”: um “pampsiquismo”ou “dinamismo psíquico”
O transcendente e a religião como dimensão do homem
A “religião” como “síntese” do misticismo e da “ciência da realidade”
A religião como misticismo da razão e do transcendentalismo
Capítulo V
A religião como misticismo naturalista e panteísta: a harmonia de Prometeu e de Jesus
Guerra Junqueiro e o problema das obras inacabadas filosofia da religião
Do questionamento da fé católica-romana a uma religião de razão e de fé: A Morte de D. João, A Velhice do Padre Eterno, Pátria
A “fé católica-romana” como legitimação da imoralidade e da injustiça
Da “fé católica-romana” à religião da “razão e da fé”: uma “religião da humanidade” e do “Deus universal”
Perspetivas, fundamentos e referências da religião
A Natureza como “Vida”
A Natureza como “Evolução”
A Natureza como “Divino” imanentizado
A Natureza como “Mal”
A religião como misticismo naturalista e panteísta de sabor gnóstico-cristão
Capítulo VI
A religião como “misticismo idealista”: uma religião racional e de redenção
Sampaio (Bruno): Analyse da Crença Christã e A Idéa de Deus
Do questionamento da religião em geral e do catolicismo em particular à religião místico-gnóstica: Analyse da Crença Christã e A Idéa de Deus
A afi rmação do racionalismo radical: rejeição da religião em geral e do catolicismo em particular
Do racionalismo irreligioso à religião mística: a afi rmação da “razão gnóstica”
Perspetivas, fundamentos e referências da religião
O “Conhecimento” como “razão”, “revelação” e “salvação”: um “Conhecimento gnóstico”
“Deus” como “mistério absoluto”
O cosmos como “descontinuidade” do ser
O cosmos como “necessidade derivada”: a “contingência” como “idéa da liberdade”
A “ordem” do cosmos como “mecanismo teleologico” filosofia da religião
A religião como “misticismo idealista”: uma religião racional e de redenção
Capítulo VII
A religião como misticismo da divindade imanentista da natureza: um imanentismo do divino universal
Basílio Teles: O Livro de Job e A Questão Religiosa
Questionamento e rejeição do judeocristianismo e da respetiva ideia de Deus
O problema da existência do Mal para a afi rmação de “Deus”
O Mal para Job: um «mysterio que subsiste»
O Mal como impossibilidade do judeocristianismo e da sua ideia
de “Deus”: um problema de ateísmo ou de conceção religiosa?
O “transcendentalismo” como base de rejeição do judeocristianismo e da sua ideia de “Deus”
A oposição do “transcendentalismo” e da razão científica como base de rejeição do judeocristianismo e da sua ideia de “Deus”
Perspetivas, fundamentos e referências da filosofia da religião
A ciência e a razão como fatores integrantes duma nova conceção de “Deus” e da religião
Subsunção do campo epistemológico da ciência e da religião
A natureza “generalisavel”, “intelligivel” e “não demonstravel” da religião
A religião da “divindade immanentista da natureza”: um “immanentismo” metafísico-monista, racional, moral e histórico
A religião como misticismo do divino universal imanentizado: um panteísmo metafísico-monista
Síntese conclusiva
Bibliografia
Índice onomástico
Índice sistemático
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