Iniciamos este primeiro número do terceiro volume dos Cadernos de Saúde com a Oração de Sapiência proferida no Dia Nacional da UCP 2010. O tema foi a procura do conhecimento / / da verdade (conceito estruturante para a Universidade Católica Portuguesa) nas Ciências da Vida Humana – particularmente nas Neurociências. A. Castro Caldas, a propósito da descrição biológica do cérebro e de algumas das suas funções mais nobres, faz uma revisão detalhada da evolução do conhecimento científico nesta área, acompanhando o interessantíssimo trajecto percorrido nessa procura pelos mais importantes pensadores desde a Antiguidade, de Aristóteles a Galeno, de S. Tomás de Aquino e tantos outros, até aos tempos de hoje. Benitez-Burraco, enquadrado pelas questões--chave colocadas por Chomsky para o estudo da linguagem (o que constitui o conhecimento da linguagem, como é adquirido, como é utilizado, como é implementado ao nível do cérebro, e como evolui nas diferentes espécies) faz uma revisão aprofundada dos “genes da linguagem” e a linguagem dos genes. Explica como a mutação de alguns genes específicos provocam alterações em áreas específicas do cérebro (responsáveis pelo aparecimento de patologia congénita da linguagem), como identificar as referidas mutações e como estas se podem relacionar com tipos de patologia específicos. Completa o artigo com uma revisão das patologias genéticas mais importantes nesta área. C. Calhaz-Jorge aplicou a alunos da disciplina de Obstetrícia e Ginecologia da Fac. de Medicina de Lisboa um modelo de ensino / aprendizagem em grupos, e comparou este método pedagógico com o método clássico. A avaliação efectuada demonstrou um elevado grau de adesão dos alunos, traduzido numa percentagem de respostas muito positivas ao inquérito que lhes foi submetido. O autor conclui tratar-se de uma alternativa pedagógica positiva a ter em conta no actual contexto educativo. Huguette Guerreiro descreveu e caracterizou os processos fonológicos presentes na fala de crianças de cinco anos. Dada a exiguidade de estudos realizados em crianças a adquirir a língua portuguesa, e a possibilidade de ser estendido a estudos na área clínica da fala em crianças de três
anos de idade, este trabalho contribui seguramente de forma valiosa para o conhecimento da aquisição
da fonologia do Português Europeu. M. Felgueiras e col adaptaram e validaram a Resilience Scale de Wagnild e Young para uma população portuguesa jovem, com o objectivo de preparar um instrumento capaz de permitir aos enfermeiros aferir a capacidade de resiliência das crianças e dos jovens enquanto doentes, humanizando a prestação dos cuidados, e melhorando a assistência prestada. Acreditamos que o esforço despendido na escolha de temas de grande diversidade, produzidos por autores de grande qualidade, resultou em cheio neste número. Esperamos que seja esta também a opinião dos nossos leitores.
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