Identificador DOI - Digital Object Identifier

Quantas vezes já clicou numa hiperligação e viu abrir-se uma janela com uma mensagem de erro?
O identificador DOI surgiu precisamente para resolver esse problema demasiado comum. Neste artigo explicamos-lhe como.

As instituições do sistema científico, nomeadamente centros de investigação, universidades e institutos politécnicos, precisam de conferir permanência e interoperabilidade aos documentos resultantes da sua investigação.

Necessitam igualmente de aceder de forma rápida e fiável aos documentos produzidos e disponibilizados pelos seus pares. A citação correta da produção científica é, pois, um dos pilares fundamentais do acesso universal à Ciência.

Portanto, não conseguir consultar documentos digitais essenciais para uma investigação devido a erros de acesso é um problema grave. Da mesma forma, a impossibilidade de citar corretamente um trabalho devido a imprecisões na sua identificação e localização na Internet prejudica a divulgação do conhecimento científico produzido.

Assim, o DOI tornou-se indissociável da comunicação académica e da disseminação de conhecimento no ambiente digital.

Principais objetivos¹

• tornar mais visível e referenciável a produção científica;
• disponibilizar à comunidade académica e científica identificadores digitais persistentes aceites pela comunidade científica mundial;
• promover o uso de metadados de qualidade nos sistemas de informação, permitindo a interoperabilidade entre sistemas (ex.: CiênciaVitae, ORCID, repositórios institucionais, Portal RCAAP, etc.).

O recurso à identificação através de um DOI pode encontrar-se em diferentes publicações e recursos académicos digitais:

• Artigos académicos
• Livros e capítulos de livros
• Conjuntos de dados de pesquisa
• Relatórios e documentos técnicos
• Revistas e publicações periódicas
• Bases de dados
• Repositórios digitais e sites institucionais
• Listas de referências e citações

DOI significa digital object identifier, em português “identificador digital de um objeto”. Trata-se de um código único imutável, composto por um prefixo e um sufixo separados por uma barra. 

Este é um exemplo: 10.34632/9789725408155. É resolúvel usando o servidor proxy da DOI Foundation que o exibe como um link: https://doi.org/10.34632/9789725408155.  

Neste exemplo:

1. O prefixo /10.34632 corresponde à UCP Editora.
2. O sufixo /9789725408155 corresponde à sua obra Guia de bolso para a promoção da saúde disponível em acesso aberto.

O prefixo é sempre um código numérico começado por “10.”, enquanto o prefixo pode ser composto por um conjunto de caracteres alfanuméricos.

O código DOI é atribuído por uma Agência de Registo integrada na estrutura da DOI Foundation.

Um DOI é um identificador persistente de objetos digitais, ou seja, um link que direciona permanentemente para o local onde se encontra o recurso.¹   

O DOI System® resultou de uma iniciativa conjunta de três associações comerciais da indústria editorial norte-americana (International Publishers Association; International Association of Scientific, Technical and Medical Publishers; Association of American Publishers).

Embora tenha tido origem no setor editorial, o Sistema DOI foi desenvolvido como uma estrutura genérica destinada a gerir a identificação de conteúdos em redes digitais.

A tendência para a convergência digital e a disponibilidade multimédia era já evidente quando o sistema foi anunciado na Feira do Livro de Frankfurt, em 1997. No mesmo ano, a DOI Foundation foi criada para desenvolver e gerir o Sistema DOI.²

Desde o início que o sistema tem por base o Handle System®, desenvolvido nos Estados Unidos pela Corporation for National Research Initiatives (CNRI) no início da década de 90 do século passado.

A CNRI continua a ser parceira da International DOI Foundation como fornecedora da tecnologia subjacente ao Sistema DOI.

Em 1998, a DOI Foundation iniciou uma estreita colaboração com o projeto INDECS, envolvendo-se numa série de iniciativas subsequentes. O acrónimo “indecs” significa interoperability of data in e-commerce systems (interoperabilidade de dados em sistemas de comércio eletrónico)³. O projeto desenvolveu-se entre 1998 e 2000 e foi cofinanciado pelo Programa Info 2000 da Comissão Europeia e por várias organizações representantes de diversos setores: música, direitos, editoras, autores, bibliotecas, entre outros.

O INDECS forneceu os requisitos de metadados para o comércio eletrónico de “conteúdo” (propriedade intelectual) no ambiente digital, centrando-se na interoperabilidade semântica. Desde então, a estrutura INDECS tem sido utilizada numa série de atividades de metadados³ e sustenta o modelo de dados DOI.

A sintaxe DOI foi originalmente estabelecida na norma ANSI/NISO Z39.84-2010 da National Information Standards Organization (EUA), publicada em 2000 e revogada em 2017. Devido à ampla implementação do Sistema DOI, a sintaxe e o funcionamento do Sistema DOI foram posteriormente especificados na norma ISO 26324, publicada em 2012 e atualizada em 2022.

A normalização proporciona uma garantia adicional de boa governação e persistência.⁴

A identificação é vital em inúmeras indústrias, sendo tão necessária para rastrear produtos ao longo de uma cadeia de abastecimento como para partilhar e disponibilizar acesso online a informações importantes. Não é suficiente identificar algo aquando da sua criação. É também fundamental que seja rastreável no futuro.

A DOI Foundation assegura que a identificação de um objeto digital importante nunca se perderá. Fá-lo através das Agências de Registo que a constituem e que garantem a persistência da infraestrutura técnica e social partilhada.

A International DOI Foundation é responsável pela implementação e gestão do Sistema DOI em nome das Agências de Registo que representa. É ainda a autoridade de registo da norma ISO do sistema (ISO 26324) e existe para garantir persistência. 

Fazemos tudo o que conseguimos para garantir que as coisas que interessam à nossa comunidade são identificáveis e estão acessíveis de forma confiável. Agora, quando precisam, e posteriormente, quando as gerações futuras precisarem.⁵

Como já referimos, o DOI permite identificar um objeto de forma persistente no mundo digital. Por conseguinte, mesmo que o local onde o objeto se encontra registado mude, através do seu DOI será sempre possível encontrá-lo em segurança.

Assim, “resolver” um DOI significa redirecioná-lo para as informações mais recentes do objeto que identifica, onde quer que se encontrem. Na prática, a resolução de um código DOI corresponde à localização correta do objeto identificado.

Mesmo antes do rodapé da página inicial do website da DOI Foundation encontrará um DOI Resolver que lhe permitirá localizar qualquer documento digital a partir do respetivo DOI:

1. Encontre a secção “TRY RESOLVING A DOI NAME”,
2. insira na caixa de texto um DOI conhecido completo – com prefixo e sufixo – e
3. prima o botão “enviar” para o resolver.

Se não tem nenhum DOI disponível, experimente inserir 10.34632/9789725408636 e desfrute da leitura!

Segundo a DOI Foundation, este método padrão de identificação de objetos de conteúdo (documentos) no ambiente digital permite escalar o processo para suportar cargas enormes.

Mais de mil milhões de códigos DOI são resolvidos todos os meses.⁴

Também poderá usar o DOI Resolver da CrossRef que encontrará aqui.   

A localização através do URL falha muitas vezes por alterações de domínios ou erros de digitação no motor de busca. O URL – Uniform Resource Locator – é o endereço eletrónico que permite encontrar um recurso na Internet. Contudo, basta migrar um website para outra plataforma para que o seu endereço virtual mude e impossibilite o acesso aos seus recursos através do URL anterior.

Ao contrário, o DOI é um identificador persistente; é uma referência duradoura a um objeto ou às informações sobre um objeto (metadados). Além disso, é independente da localização do objeto digital, o que permite acompanhá-lo ao longo do tempo sem qualquer problema.

O DOI foi criado para identificar objetos digitais com exatidão, agora e no futuro.⁴

O DOI é também “acionável”, o que significa que retorna sempre algo útil. Basta inseri-lo no campo de pesquisa de um motor de busca para aceder ao respetivo objeto. É a tal “resolução” de que lhe falámos antes.

O DOI permite encontrar o objeto digital pretendido, independentemente da sua localização.⁴

Em muitos setores, como no caso dos repositórios científicos, é importante e imperativo indicar a proveniência de um registo para garantir um arquivo fiável.

O Sistema DOI possibilita a atualização de metadados, aplicações e serviços associados aos códigos DOI sem que seja necessário alterar o próprio DOI.

Assim, à medida que são disponibilizadas novas informações, os registos anteriores podem ser atualizados mesmo décadas depois de terem sido criados pela primeira vez. 

O DOI possibilita a atualização contínua de metadados e informações referentes ao objeto que identifica.⁴

No âmbito do Projeto dos Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RECAAP), foi considerado de extrema importância acrescentar às valências do projeto o serviço de identificadores persistentes.

Assim, no final de 2018, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) associou-se à Agência de Registo DataCite para criar um consórcio nacional e disponibilizar o Serviço de Atribuição de Identificadores Persistentes DOI. Para aderirem a este Serviço DOI, as entidades científicas nacionais têm de se candidatar através dos canais de divulgação do projeto RCAAP.

Uma vez aprovada a sua candidatura, a entidade científica em causa recebe uma conta no DataCite com um prefixo atribuído, que pode começar a utilizar de imediato. 

Até ao dia 1 de abril de 2024 foram registados quase 352 milhões de códigos DOI em todo o mundo.

Fonte: DOI Foundation

Sendo uma editora dedicada essencialmente à publicação de cariz científico e académico, a UCP Editora recorre ao Sistema DOI para identificar as edições pertinentes, nomeadamente:

• artigos de revistas científicas e
• livros em Acesso Aberto.

Porque a identificação através do DOI é a forma mais eficaz de garantir a visibilidade, acessibilidade e difusão das suas publicações a nível nacional e internacional. Hoje e sempre!

Para mais informação sobre o DOI® System, consulte aqui a versão atualizada do DOI Handbook disponibilizado pela International DOI Foundation.  

1 https://elearning.rcaap.pt/course/view.php?id=12
2 https://www.doi.org/doi-handbook/HTML/introduction-to-the-doi-system.html
3 https://www.doi.org/the-identifier/resources/factsheets/the-indecs-framework
4 https://www.doi.org/the-identifier/what-is-a-doi/
5 https://www.doi.org/the-foundation/about-us/