Ciência Aberta

A importância do acesso universal à Ciência

Nas palavras da Unesco1, a Ciência Aberta tem o potencial de tornar o processo científico mais transparente, inclusivo e democrático. Por conseguinte, as políticas destinadas à sua promoção atuam como um acelerador para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Saiba mais sobre a ciência aberta e como pode ajudar a construir um mundo melhor.

O que significa Ciência Aberta?

O conceito de Ciência Aberta assenta na premissa de que “o conhecimento é de todos e para todos2. Assim, consiste num paradigma de responsabilidade social científica que se desenvolveu em simultâneo com os recursos proporcionados pelos avanços nas tecnologias da informação e na Internet durante a primeira década do século XX.
Para a Comissão Europeia, a Ciência Aberta é uma prioridade política3 e constitui o método padrão de trabalho no âmbito dos programas de financiamento das atividades de investigação e inovação realizadas na União Europeia, pois melhora a qualidade, a eficiência e os resultados dessas atividades. Portanto, o modelo de Ciência Aberta é muito mais do que simplesmente divulgar resultados científicos à sociedade em geral.

Trata-se de um modelo que visa estender os “princípios de abertura a todo o ciclo de investigação”4,  promovendo a partilha e a colaboração logo nas fases iniciais do processo científico.

Consequentemente, implica uma mudança sistémica na forma como a ciência e a investigação são conduzidas4.

Os 5 objetivos principais da Ciência Aberta

Esse novo paradigma, que envolve uma profunda mudança na atividade científica, pretende então alcançar cinco metas5 essenciais:

  • Partilhar o conhecimento entre a comunidade científica, a sociedade e as empresas.
  • Disponibilizar dados de investigação e publicações científicas em acesso aberto.
  • Ampliar o reconhecimento e o impacto social e económico da ciência.
  • Gerar múltiplas oportunidades de inovação.
  • Impulsionar o desenvolvimento de novos produtos, serviços, negócios e empresas.

A primeira Recomendação da UNESCO sobre Ciência Aberta

No final de 2021, a UNESCO definiu padrões internacionais ambiciosos para a Ciência Aberta e aprovou o primeiro enquadramento internacional nessa matéria. Tendo como propósito tornar a ciência mais transparente e acessível, a Recomendação da UNESCO sobre Ciência Aberta baseia-se nos princípios fundamentais de liberdade académica, integridade de investigação e excelência científica, estabelecendo um novo paradigma que se integra nas práticas de empreendimento científico que ambicionam a reprodutibilidade, transparência, partilha e colaboração resultantes de uma maior abertura de conteúdos, ferramentas e processos científicos.6
Até então, não havia uma definição universal de Ciência Aberta e os padrões de trabalho existentes divergiam muito entre si. Ao aprovarem a Recomendação6, os 193 Estados-membros da UNESCO acordaram padrões comuns para a Ciência Aberta, comprometendo-se a seguir um conjunto de valores e princípios orientadores comuns a todos os países parceiros.7

Desta forma, a UNESCO está a promover uma mudança global nas atividades científicas, garantindo que contribuem realmente para colmatar as disparidades de conhecimento e tecnologia entre os diversos países e dentro de cada um deles.7

Consequentemente, a Recomendação6 pede que os Estados-membros garantam que todas as atividades de investigação científica financiadas através de fundos públicos respeitem os princípios e os valores fundamentais da prática da Ciência Aberta, pois é, de facto, uma ferramenta poderosa para reduzir as desigualdades entre os países e alcançar os 17 ODS estabelecidos pelas Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável da humanidade no planeta Terra até 2030.

As sete áreas prioritárias para a implementação da Ciência Aberta

Na sua Recomendação6, a UNESCO encoraja os Estados-membros a priorizar sete áreas na implementação de uma prática comum da Ciência Aberta7:

  1. Promoção de um entendimento comum sobre a Ciência Aberta e os respetivos benefícios e desafios, assim como sobre os diferentes caminhos para a alcançar.
  2. Construção de um cenário político favorável ao seu desenvolvimento.
  3. Investimento em infraestruturas e serviços que contribuam para a consolidar.
  4. Investimento em formação, educação, literacia digital e capacitação, para permitir a participação de investigadores e outras partes interessadas.
  5. Encorajamento de uma cultura de Ciência Aberta e alinhamento dos incentivos à sua implementação.
  6. Promoção de abordagens inovadoras em diferentes etapas do processo científico.
  7. Promoção de cooperação internacional e multissetorial no contexto da Ciência Aberta, com o objetivo de minimizar as disparidades digitais, tecnológicas e de conhecimento.

Aplicação prática do conceito de Ciência Aberta

A implementação de uma prática de Ciência Aberta tem por base 5 pilares5:

  1. Acesso Aberto
  2. Dados Abertos
  3. Investigação | Inovação Aberta
  4. Redes Abertas de Ciência
  5. Ciência Cidadã

A partir destes 5 pilares é possível criar um Ecossistema Ciência Aberta5 que permitirá então promover o acesso aberto ao conhecimento.

Informação científica em acesso aberto

Tal como pode ler-se na página Ciência Aberta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior:

Acesso Aberto ou "Open Access" significa a disponibilização livre na Internet  de artigos de revistas científicas revistos por pares, bem como outras publicações académicas e científicas (comunicações em conferências, teses e dissertações, relatórios técnicos, etc.) e dados de investigação.8

Vantagens do acesso aberto ao conhecimento

A disponibilização de conhecimento científico em acesso aberto tem inúmeras vantagens, entre as quais podem destacar-se8:

  • Promoção e aceleração do progresso da investigação e da ciência.
  • Maior visibilidade, acesso, utilização e impacto dos resultados de investigação.
  • Melhor monitorização, avaliação e gestão da atividade científica.
  • Facilitação da inovação.
  • Maximização do impacto e do retorno social e económico.
  • Disponibilização acessível dos resultados da investigação a cidadãos e organizações.

Política de acesso aberto da UCE

A Universidade Católica Editora (UCE) está consciente de que é premente tornar o conhecimento científico acessível a todos e em toda a parte do mundo, não só porque é essencial para a construção de um futuro mais justo e sustentável para todos os povos e para o planeta, mas também porque aumenta exponencialmente o reconhecimento do trabalho científico e, por consequência, dos seus autores e instituições.
Acima de tudo, o impacto social e económico que a ciência pode ter exige a aposta no conceito de Ciência Aberta. Por isso, a UCE não poderia deixar de se associar a esta mudança, implementando uma política ativa de oferta de publicações em acesso aberto nas várias linhas editoriais9 que refletem a atividade científica da Universidade Católica Portuguesa (UCP), uma oferta que conta com obras disponibilizadas tanto em formato PDF como em eBook.

Prática da Ciência Aberta na UCP

Nos últimos 50 anos, a UCP tem trabalhado para promover investigação valiosa em diferentes domínios e disciplinas, posicionando-se na vanguarda do progresso científico e tecnológico11. Um caminho de Investigação e Inovação que a UCP assumiu em prol de uma investigação de qualidade interdisciplinar e transversal, assente numa visão humanista12, cujo trabalho divulga de forma transparente e atualizada no Portal CAtólica REsearch (CARE).

Neste sentido, com vista a maximizar o alcance das publicações, em janeiro de 2020 foi apresentado o portal das Revistas Científicas da Universidade Católica Portuguesa, baseado na plataforma Open Journal System (OJS), que envolve as diferentes equipas editoriais das revistas, a Rede de Bibliotecas da UCP e a UCEditora.

Além disso, estando bem ciente das inúmeras razões10 que justificam a prática da Ciência Aberta e a disponibilização de conhecimento científico em acesso aberto, entre elas o aumento da eficiência na investigação, a promoção do rigor académico, a melhoria da qualidade da investigação e a valorização da propriedade intelectual, a UCP lançará em breve um portal para a divulgação de monografias utilizando a plataforma OMP - Open Monograph Press. Este portal envolve a UCEditora e a Rede de Bibliotecas da UCP. Através do seu lançamento, a UCP espera conseguir cumprir integralmente os padrões estabelecidos na Recomendação da UNESCO sobre Ciência Aberta para o acesso universal à ciência.

Sobre a plataforma OMP

A Open Monograph Press13 é uma plataforma informática gratuita e de código aberto que pode ser usada para gerir e publicar conteúdos académicos. Permite a gestão do fluxo de trabalho editorial necessário para a divulgação de monografias, volumes editados e edições académicas, ao longo dos processos de revisão interna e externa, edição, catalogação, produção e publicação. Entre as suas diversas funcionalidades, a OMP permite gerir publicações com autores diferentes para cada capítulo e envolver editores, autores, revisores, designers, indexadores e outros no processo editorial. Tudo com o único e derradeiro objetivo de

abrir o acesso ao conhecimento científico multilingue, tornando-o globalmente disponível, acessível e reutilizável, para benefício da ciência e da sociedade.
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