Este estudo expõe, desenvolve e sintetiza o pensamento de Leonardo Coimbra (1883-1936) relacionado com a defesa da liberdade do ensino religioso nas escolas particulares fiscalizadas pelo Estado que o pensador preconizou na qualidade de Ministro da Instrução Pública, entre 30 de novembro de 1922 e 9 de janeiro de 1923, em pleno período da I República Portuguesa (1910-1926). A questão da liberdade do ensino religioso, na sua vertente cultural, política, autobiográfica, biográfica e bibliográfica, assumiu no conjunto do pensamento antropológico,
filosófico, pedagógico e teológico de Leonardo Coimbra um papel preponderante no modo como antecipou e concorreu para a sua evolução e transmutação filosófica, religiosa e teológica, desde o idealismo criacionista até ao ideorrealismo de matriz cristã.
Desde o seu O Criacionismo (1912) até à sua última obra A Rússia de Hoje e o Homem de Sempre (1935) deu-se, em Leonardo Coimbra, o trânsito de uma teologia para uma filosofia da religião, fundada numa razão estética e numa razão transcendental, que nos permite qualificá-la como uma típica e singular teologia portuguesa, emergente da literatura, da poética, da estética, de uma filosofia progressiva e aberta a novas integrações, em movimento helicoidal espiralado – ascendente e descensional –, integrador das dimensões gnosiológica-metafísica, metafísicareligiosa, religiosa-cristã e estética-teológica do seu pensamento.
A exemplaridade da defesa da liberdade do ensino religioso harmonizou o pensamento construtivo e criacionista de Leonardo Coimbra, na medida em que aí conjugou, consensualizou e integrou as teses fundacionais do seu pensamento filosófico e teológico. Esta determinação teológica da liberdade, revisto num horizonte pedagógico à luz do pensamento de Leonardo Coimbra, legitima atualmente a liberdade de ensino religioso, na medida
em que protege a possibilidade transcendental da pessoa e da sua liberdade, incoercível por humanismos antropolátricos ou messianismos humanistas.
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