O número seis da Revista Portuguesa de Investigação Educacional continua a dar prioridade à publicação de resultados de investigação dos professores, dos mestrandos e doutorandos da Faculdade de Educação e Psicologia, embora estejamos sempre abertos à participação de outras unidades de ensino e investigação
da Universidade Católica e de outras Universidades. O texto de Paulo Dias e António Fonseca sobre a motivação para a aprendizagem ao longo da vida salienta o papel determinante exercido pela escolaridade inicial sobre a motivação e a participação na aprendizagem ao longo da vida. Tal circunstância chama a atenção, na sua óptica, para dois pontos: para a importância da qualidade da formação inicial de todos os cidadãos e para a necessidade de se aproximarem mais e melhor os adultos e os programas específicos de educação de adultos, nomeadamente através do fomento de programas de envolvimento comunitário. Carlos Alberto Pereira, do Instituto de Bioética, enfatiza a míngua cívicoaxiológica em que incorre, numa sociedade que tanto valora o progresso técnicocientífico, a análise apressada dos “temas/problemas da sociedade contemporânea” nos programas actuais. Legitima-se, em seu entender, uma educação bioética contextualizadora da emergência da reflexão ética, face à supressão valorativaimposta pelo cientismo. A bioética pode ser, assim, vista como uma pedagogia para repensar os percursos da sociedade técnico-científica do novo milénio. Lurdes Veríssimo, João Lopes e Marina Serra de Lemos, professores oriundos de três universidades diferentes, focam a problemática sempre actual das dificuldades
de aprendizagem, promovendo uma reflexão crítica relativamente às limitações intrínsecas associadas à operacionalização deste conceito ambíguo. Com base nos resultados de um estudo junto de psicólogos escolares australianos, os autores chamam a atenção quer para a ambiguidade que continua a reinar neste domínio da
pesquisa psicológica e educacional e para as consequências deste facto sobre o planeamento adequado das intervenções técnicas de ajuda aos alunos, quer para as reais dificuldades de realização pessoal e escolar dos alunos com manifestas dificuldades de aprendizagem, que deste modo continuam a ser, mais do qualquer
outra coisa, os fracassados e incompetentes. Nuno Miranda e Joaquim Azevedo dão conta de uma investigação que pretendeu desocultar o funcionamento dos Conselhos Municipais de Educação, no seio das chamadas políticas de descentralização da educação. Com base neste estudo de caso, os autores concluem que o Conselho Municipal de Educação, “uma subsidiariedade a partir de cima”, é um órgão formal, cujas potencialidades
normativamente definidas não têm correspondência prática. Neste sentido, é escasso o contributo destes órgãos locais de participação social na educação para uma outra apropriação comunitária da res publica educacional.
Luísa Trigo e Isabel Menezes, assumindo uma perspectiva desenvolvimentalecológica, analisam os resultados de um estudo sobre as concepções de cidadania, o interesse político, a eficácia política, a actividade política futura e as experiências políticas de um grupo de 349 jovens provenientes de dois contextos educativos distintos: o ensino secundário regular e a formação profissional de aprendizagem em alternância. Para as autoras, os resultados obtidos permitem reafirmar a importância de os jovens assumirem responsabilidades nos contextos de existência, seja na sala de aula, na escola e fora da escola. Finalmente, Flora Monteiro Costa e Jorge Adelino Costa dão conta de uma investigação sobre o quotidiano de um Presidente de um Conselho Executivo de um Agrupamento Vertical de Escolas do ensino público estatal. Este estudo qualitativo, situado no âmbito das teorias da liderança escolar, situa o tipo de tarefas desempenhadas por este Presidente mais próximas da dimensão da gestão do que da
liderança e considera-as no quadro da chamada liderança transaccional. Os autores consideram que só num contexto de maior autonomia escolar será viável um novo equilíbrio entre os vectores gestão e liderança, na procura da resolução dos reais problemas dos alunos de cada escola. Cumpre-se assim mais um passo neste esforço de divulgação de resultados de investigação. No próximo número seguiremos um perfil idêntico, dando a conhecer outras pesquisas entretanto já concluídas, contribuindo para melhor conhecermos a educação que temos e para melhor podermos inscrever no futuro a educação que queremos.
Read more
Leave a review