Uma filosofia e uma teologia da acção moral terão de fazer o percurso desde a acção sem sujeito, passando pela acção impessoal, até chegarem a apreender a acção na sua verdade mais última: aquela em que o evento coincide com o sujeito. A teologia pensa que esse é o caso do Ressuscitado em que a subjectividade do ser humano corporal é puro desejo, pura expressividade, puro amor. Nesse ponto futuro, a história e o sujeito coincidem sem diferença alguma. Aí, o ser humano é livre, é totalmente dado a si mesmo, no seu ser e no seu agir, pela comunhão como Primeiro Vivente.Do ponto de vista teológico, a acção moral é um despertar da Ressurreição no ser humano histórico. Como foi em Jesus, assim é no crente. O divino Mestre recebia as palavras, a energia terapêutica, a força reveladora, desde a Ressurreição, porvir já presente nos dias da sua vida visível. Assim acontece também no ser humano. Toda a acção que há no mundo é energia da Ressurreição. O privilégio dos crentes é serem iniciados, desde já, a esse conhecimento, não por gnose comum, mas pelo reconhecimento da comunhão filial com Cristo, por quem e em quem, não obstante, viviam desde sempre. O acto de fé, iniciado um dia, e repetido todos os dias, é um despertar progressivo, que se consuma na hora final da morte. O discernimento moral é a contínua superação das máscaras da acção, até ao pleno frente a frente.
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