A existência humana não se desenrola num espaço neutro, mas sim num espaço que é envolvido pela graça de Deus: Ora nós sabemos que Deus concorre em tudo para o bem dos que O amam, daqueles que, segundo o seu desígnio, são eleitos. Porque os que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que este fosse o Primogénito de muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também os chamou; e aos que chamou, a esses justificou; e àqueles que justificou, também os glorificou (Rom 8,28-30).Embora tudo seja envolvido na bênção e na graça, não deve esquecer-se a coragem de Santo Agostinho e de S. Tomás os quais recordam que no tema da eleição está presente uma irrecusável dimensão de juízo, inscrito no próprio risco que representa o exercício da liberdade e, por isso, o mistério da graça há-de ser vivido numa atitude de humildade e de santo temor.Mas a grande consolação é formulada por S. Paulo, o qual vê toda a realidade a partir da sua experiência de ser amado: Ele amou-me e entregou-se por mim (Gal 2, 20). Este tema é igualmente formulado por S. João na figura do discípulo que Jesus amava e que diz a própria experiência do apóstolo. Isto é narrado, porém, para que cada crente faça a mesma experiência de ser amado de um modo único e irrepetível por Deus, que ama pessoal e divinamente todas as suas criaturas, todos os seus filhos. O princípio de predilecção de S. Tomás de Aquino procura traduzir esta relação pessoal de Deus com cada homem. A existência humana, mas sobretudo a existência cristã, há-de colher o seu sentido, mesmo escatológico, como a resposta a um grande amor, que aceite é salvação, que rejeitado é condenação. Que cada um se esforce por corresponder ao amor e ser contado entre os que se salvam, porque muito amaram. Introdução
Capítulo I - Fundamentos
1.1. Sagrada Escritura
1.1.1. A Graça no Antigo Testamento
1.1.2. A Graça no Novo Testamento
1.2. Tradição teológica
1.2.1. Santo Agostinho
1.2.2. S. Tomás de Aquino
1.2.3. O Concílio de Trento
Capítulo II - Problemas
2.1. A afirmação da unilateralidade da graça
2.1.1. Lutero
2.1.2. Calvino
2.1.3. Baio e Jansénio
2.2. A tentativa de conciliação entre a graça e a liberdade
2.2.1. Molina
2.2.2. Bañez
2.2.3. A querela “de auxiliis”
2.3. O debate sobre a graça e a liberdade/natureza-graça
2.3.1. A transcendência e imanência do sobrenatural
2.3.2. A proposta da “Nova Teologia”
Capítulo III - Temas
3.1. Eleição – predestinação
3.1.1. A problemática da predestinação
3.1.2. As vias para uma solução
3.2. Justificação
3.2.1. Uma questão inactual?
3.2.2. Lutero
3.2.3. K. Barth
3.2.4. Caminhos para uma solução
3.2.5. A justificação como redenção subjectiva
3.3. A graça da adopção filial
3.3.1. A filiação adoptiva
3.3.2. A inabitação trinitária
3.3.3. A ontologia da filiação
Conclusão
Bibliografia
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