Cadernos de Saúde v. 1 n. 1 (2008)

Overview

O Instituto de Ciências da Saúde (ICS) foi criado na Universidade Católica Portuguesa (UCP) em 2004 com o objectivo de desenvolver os domínioscientíficos que convergem num tronco comum que se identifica com as questões que se levantam a propósito da Saúde. Qualquer Universidade, com a dimensão da UCP e com a vocação de ensinar, investigar e prestar serviços de qualidade, deve incorporar este domínio do saber pelo que ele tem de multidisciplinaridade e de oportunidade de gerar interfaces enriquecedoras do seu acervo científico e pedagógico. Na Saúde convergem os problemas mais básicos da Biologia, orientados para a investigação fundamental ou para a sua aplicação à prática clínica, prática clínica que hoje se tem que entender partilhada por um número crescente de profissionais com preparações elementares distintas e perfil de actuação específico. Entender o mundo complexo de actuação destes profissionais é, só por si, um enorme desafio científico: a exploração dos sistemas complexos das organizações, associada ao contributo fundamental dos sistemas informáticos, deve criar o constante aperfeiçoamento dos serviços, abandonando hábitos corporativos seculares que não se podem aceitar no mundo moderno. Nestes domínios convergirão os cultores das ciências fundamentais como a Anatomia, a Fisiologia, aBiologia, a Química, a Farmacologia, entre outras associadas às áreas da Gestão, das Ciências Sociais, das Matemáticas aplicadas da Informática, e ainda as novas áreas geradas pelo potencial de formação diferenciada gerado pela adaptação a Bolonha que permite criar profissionais de perfil individual adaptável a problemas concretos. O domínio da Saúde é talvez um dos que pode beneficiar mais destas novas combinações de formações de primeiros e segundos ciclos, assunto para o qual o ICS tem estado particularmente atento. Não podemos esquecer que a tecnologia aplicada à Saúde se tem vindo a desenvolver a uma velocidade impensável, de tal forma que cada nova técnica quando está pronta a ser incorporada na prática regular, corre o risco de estar já ultrapassada por novas propostas com maior capacidade de resposta. Este componente, oriundo dos campos Engenharia e da Física deve ser um acompanhante diário dos serviços de hoje, tendo o ICS vindo a estabelecer uma ligação importante com a Faculdade de Engenharia da UCP. A incorporação de todos os componentes destemundo complexo e a sua gestão no contexto geraldos sistemas pagadores e da vida da sociedade é também um desafio actual a que urge estar atento e para o qual vai sendo necessário criar soluções apropriadas. Não podemos nunca esquecer que os sistemas de saúde existem porque há pessoas que sofrem e que necessitam de cuidado: essa é a preocupação que deve dominar. A UCP tem a responsabilidade acrescida de transportar consigo a tradição da Igreja Católica de solidariedade com os que sofrem, reduzindo esse seu sofrimento e dando um sentido à vida nos momentos mais difíceis. No nosso país, a Igreja é responsável por um volume apreciável de serviços correndo em paralelo com o Serviço Nacional de Saúde, colmatando muitas das suas falhas e carências. Um pouco por todo o país se podem encontrar pequenas organizações onde o sentido da solidariedade humana é cultivado com preciosa dedicação. A UCP tem obrigação de identificar esses pólos de prestação de cuidados e de informar cientificamente essa solidariedade, através de acções de formação contínua e de fornecimento de soluções apropriadas para cada caso, tentando dar-lhe um sentido nacional por incorporação de sinergias ao que se pode identificar como uma rede nacional. Todos estes temas devem ser trabalhados integrados ainda nos domínios mais abrangentes do Direito, da Filosofia e da Ética, sem o contributo dos quais não se pode desenvolver um programa coerente. A relação entre estes departamentos da UCP com o ICS tem vindo a estreitar-se. Do que ficou já dito se compreende que todo o projecto do ICS necessita de se alicerçar em três componentes: a prestação de cuidados, o ensino e a investigação científica. Nenhum destes componentes pode ser negligenciado ou subalternizado: só se pode ensinar aquilo que se sabe fazer, só se sabe fazer bem feito aquilo que é feito com informação actualizada resultante de constante trabalho de pesquisa. Com o passar do tempo, tornou-se evidente que a orientação seguida pelo ICS era a mais correcta, pesem embora as dificuldades que têm vindo a ser superadas ao longo do percurso. Os programas de formação propostos pelo ICS tiveram aceitação, não só por parte dos profissionais que os têm vindo a frequentar, mas também por parte do Governo que, através dos Ministérios da Educação, da Ciência e da Saúde, apoiou já diversos desses programas. Também uma palavra deve ser dita sobre o apoio da Fundação Gulbenkian, que apoiou projectos de investigação e de ensino, e da Fundação Merck Sharp & Dohme que desde o primeiro dia estabeleceu um protocolo de apoio com o ICS. O ICS enquanto Instituto de âmbito nacional tem actividade em três Centros Regionais: Lisboa, Porto e Beiras. No conjunto dos três pólos reúne neste momento mais de 2000 alunos. A Enfermagem é sem dúvida o sector mais desenvolvido pois integra duas Unidades de Ensino, com programas de formação que vão desde a licenciatura aos Mestrados profissionalizante e académicos e ao programa de Doutoramento. A Medicina Dentária no Centro Regional das Beiras, foi recentementereestruturada e pretende vir a ser um pólo de convergência de profissionais de todo o país e de Espanha em acções de formação continuada tão necessárias nesta profissão. À volta deste interesse pretende-se o desenvolvimento de profissionais de tecnologias de Saúde no âmbito da Medicina Dentária e o desenvolvimento de projectos de trabalho no terreno quer virados para a prevenção da cárie nas crianças da região de Viseu para o apoio aos casos de diagnóstico e tratamento mais difícil que só uma Clínica Universitária bem implantada na comunidade pode resolver. No domínio da Medicina deve salientar-se o sucesso que teve o programa de Mestrado em Educação Médica feito em colaboração com a Harvard Medical School. Este programa contou com o apoio da Fundação Luso-Americana para o desenvolvimento e envolveu já 75 médicos que hoje se interessam pelas difíceis questões da Educação Médica e que connosco vão partilhando o desenvolvimento de projectos de formação. Para além deste programa, criaram-se ainda os programas de Mestrado em Infecções Relacionadas com os Serviços de Saúde, de Mestrado em Feridas e viabilidade tecidular, e em SIDA. O programa de Mestrado em Cuidados Paliativos, a correr em Lisboa e no Porto tem tido enorme procura. Este é um dos temas que se entendeu ser fundamental cultivar no seio da UCP. Julgamos ser fundamental formar profissionais capazes de responder às questões difíceis do fim da vida. Da mesma forma, entende-se que a UCP tem obrigação de se envolver activamente no domínio dos cuidados continuados integrados que começam a dar os primeiros passos no nosso país. Estão em preparação acções de formação neste sentido, existindo uma colaboração em diversos projectos com a Unidade de Cuidados Continuados Integrados que foi criada pelo Ministério da Saúde. A ligação ao Ensino Politécnico, através do ensino da Enfermagem, abriu as portas para as Tecnologias da Saúde e nesse sentido se criaram já cursos de Licenciatura e Mestrados. Os Mestrados decorrem em parceria com a Escola Superior de Saúde do Alcoitão e dizem respeito às Ciências da Fala, Patologia da Linguagem e Reabilitação Neurológica. Na proximidade deste interesse na reabilitação encontra-se a ponte com as ciências da Educação. Organizou-se o Mestrado em Língua Gestual Portuguesa e aguarda-se autorização e apoio para iniciar a licenciatura, para a qual se obteve já o apoio da Fundação Portugal Telecom, que permitirá instalar um sistema de ensino à distância acessível à comunicação por língua gestual. O desenvolvimento destes projectos foi sempre acompanhado pela organização de grupos de investigação onde se desenvolvem múltiplos projectos. O ICS é hoje forja de uma produção científica que começa a ter significado e de que se torna indispensável dar notícia pública. Foi essa a motivação fundamental para a criação destes Cadernos. Entendemos que o trabalho científico deve ser publicado em revistas de grande impacto internacional, isso é prioridade do ICS e disso se dará conta nestas páginas, mas não invalida que se crie um instrumento que permita o registo da muita actividade que vai sendo feita em forma de artigos seleccionados de algumas das provas académicas ou de artigos da iniciativa de alunos e docentes e outros colaboradores. Devemos, ainda, aproveitar para fazer menção ao Prémio Monsenhor Feytor Pinto lançado em colaboração com a Pastoral da Saúde destinado a distinguir trabalhos sobre a Espiritualidade e os cuidados de Saúde. Trata-se aqui de estimular a investigação científica num domínio pouco trabalhado ainda e que carece de desenvolvimento. Este é o primeiro ano em que será atribuído, mas é nosso desejo que se torne um prémio conhecido e desejado por muitos investigadores Neste primeiro volume publicam-se alguns textos que julgamos serem do interesse de muitos e dá-se conta também do elenco dos Professores que até agora se associaram ao projecto. Estou certo de que a lista está ainda incompleta, mas para já agradeço a disponibilidade dos que aceitaram o desafio. Com eles contamos para a verificação da qualidade dos textos publicados e para o contributo que entenderem dar para o desenvolvimento dos CADERNOS.

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Product Details
978REV0038

Data sheet

Date
01-2008
ISSN
1647-0559
Edition
Publisher
UCE
Pages
96
Kind of product
Book
Language
Portuguese
Thematic Classification
Ciências da Saúde
Revista
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